Autor: Germana Vogt – Risk Officer da Quanta Previdência e Coordenadora do GT de Previdência Complementar da OAB/RS
As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) têm uma função crucial na vida de milhões de pessoas, cujo principal propósito é assegurar estabilidade financeira no futuro. Este comprometimento exige uma administração eficaz e transparente dos planos de benefícios previdenciários e é neste ponto que o compliance emerge como um componente crucial.
E o que realmente significa compliance? Em termos simples, significa o cumprimento de leis, regulamentos e agir de acordo com as melhores práticas. No entanto, para as EFPCs, a conformidade vai além da adesão às normas: envolve a formação de uma cultura organizacional que preza pela ética, transparência e responsabilidade.
Quando corretamente aplicado, o compliance não é somente um dever legal, mas também uma vantagem competitiva. Ele salvaguarda a organização de riscos regulatórios, reforça a confiança dos envolvidos e incrementa a eficácia operacional.
É fundamental que a alta gestão lidere o compliance para obter esses benefícios, demonstrando o compromisso com os princípios de integridade e governança. Ademais, é crucial instruir os funcionários sobre as normas regulatórias e as boas práticas para estabelecer uma cultura de conformidade robusta.
Embora tenha havido progressos, a implementação de conformidade nas EFPCs não é uma tarefa fácil. As regulamentações são complexas e estão sempre mudando, demandando ajustes e atualização. Por exemplo, entidades de menor porte podem encontrar obstáculos devido à escassez de recursos financeiros e tecnológicos. Um desafio adicional é a complexidade do processo decisório, que pode demandar muito tempo para a tomada de decisões, resultando na perda do tempo apropriado para a implementação de novas regras ou aprimoramentos.
Para vencer esses obstáculos, as EFPCs precisam adotar uma estratégia organizada e unificada. Isso engloba uma sólida Governança Corporativa, com Conselhos Deliberativos e Fiscais em atividade, além de uma Direção Executiva dedicada às políticas de conformidade. Gerenciamento de riscos antecipado, assegurando a identificação e o acompanhamento constante dos riscos regulatórios, financeiros e operacionais. Controles Internos com envolvimento contínuo em processos que garantam a conformidade e a integridade das atividades. A clareza e a comunicação são essenciais para consolidar a confiança dos envolvidos. Finalmente, o investimento em tecnologia contribui para a automatização de procedimentos e aumenta a eficiência na administração de riscos e conformidade.
A estrutura de conformidade deve ser flexível, adaptando-se às alterações no cenário regulatório e às demandas da organização. A constante evolução, fundamentada em auditorias, testes de controle, análises de riscos e retornos, é crucial para preservar a pertinência e a efetividade do programa de conformidade.
Em última análise, a conformidade nas EFPCs vai além do simples cumprimento de normas: representa uma chance de estabelecer confiança, fomentar a excelência operacional e assegurar a viabilidade do sistema de previdência. Esta viagem exige dedicação, investimento e inovação, porém os ganhos para os envolvidos e para a comunidade são incomensuráveis.
Texto publicado no Informativo Fonte nº 93, de dezembro de 2024